NOSSA HISTÓRIA: Seu Vino foi vereador numa época de tranquilidade política
O site da Câmara de Vitória abre a partir de agora a coluna mensal “Nossa História” trazendo documentários históricos com relatos da antiga vida legislativa. O primeiro a inaugurar este espaço é o ex-vereador Severino Dionísio das Neves, que vai completar 100 anos. Ele conta como foi sua experiência no Legislativo vitoriense.
Surge em uma década de transição institucional em que a Casa Diogo de Braga deixava seu caráter de Conselho Municipal com cinco membros para assumir a postura de Câmara já com 11 parlamentares, sob a primeira presidência do então vereador Osvaldo Evaristo da Cruz Gouveia, entre 1950 a 1954. Justamente nesta legislatura, aos 37 anos, que Severino Dionísio das Neves, foi eleito vereador com 198 votos pela UDN/Arena, assumindo a função de Secretário da Casa. Seu Vino, como é popularmente conhecido em Vitória de Santo Antão/PE, nasceu no dia 25 de novembro de 1913, em uma família com seis irmãos. Seus pais, Severino das Neves e Belmira Júlia da Costa, eram proprietários da antiga Loja de Sapatos Aleixo, instalada à época na Praça Duque de Caxias, Centro do Município.
“Lembro que éramos onze vereadores e recebíamos um salário de subsistência. Todos sempre prezavam pela harmonia política e havia respeito e amizade entre nós. Não me lembro de ter ocorrido conflitos políticos, os trabalhos legislativos eram tranquilos”, relatou Seu Vino, o único vereador ainda vivo daquela legislatura, a qual estava instalada na Rua Melo Verçosa – no Centro. Questionado sobre o que o motivou a entrar na vida pública, contou que foi pelas mãos do político que admirava. “Eu trabalhava gerenciando a loja de sapatos do meu pai, nunca tive pretensões políticas! Até que um dia fui convidado para ser candidato pelo grande amigo Inácio de Lemos que apoiava para prefeito em 1950 o candidato Manoel de Holanda Cavalcanti”, confessou.
Para ele, a maior liderança política naquele período em Vitória de Santo Antão era Inácio de Lemos. Ele foi presidente da Câmara, assumiu mandatos como Deputado Estadual e chegou a assumir interinamente o Governo de Pernambuco. Inácio de Lemos era comerciante e proprietário de um grande depósito têxtil, que funcionava onde hoje se encontra a Rua Eurico Valois (antiga Estrada Nova).
Com Manoel de Holanda prefeito, a Câmara era composta conforme ele conseguiu se lembrar, por Osvaldo Gouveia, Zé Bonifácio, Seu Didi, Antonio Lorena e Antonio Simplício (ambos de Pombos), e o seu Vino.
Severino Dionísio das Neves relatou a equipe do Site da Câmara de Vitória que sua atuação como parlamentar contou com a ajuda de outro amigo, o Professor José Aragão, escritor que organizou a trilogia da História de Vitória de Santo Antão, ambos estudaram juntos. Seu mandato foi responsável pela proposição de instalar um Posto de Saúde avançado no que ficou conhecido por décadas de “Posto Tracoma”, onde foi construído no que é hoje a Praça Duque de Caxias. Relata inclusive, que foi dele a sugestão de construir a Praça Duque de Caxias, convencendo o prefeito a concluir suas obras.
Desde então, tanto a família Ferrer de Moraes quanto a família Queralvares exerciam poder econômico e político em Vitória, porém segundo Seu Vino, quem detinha mesmo o poder político na região era Inácio de Lemos. O grupo político de Inácio de Lemos era forte, pois contava com Aurino Valois exercendo o mandato de deputado Federal e o próprio Manoel de Holanda. “O único político forte que fazia oposição a este grupo era o Sr. José Mixto Monteiro”, acrescentou. Perguntado sobre qual grupo político a família Queralvares apoiava, Seu Vino sublinhou que o patriarca da família, José Joaquim da Silva, conhecido por Nô Joaquim, era amigo do prefeito Manoel de Holanda, o qual mantinha com o grupo uma boa relação política.
Seu Vino confessou que se sente honrado de ter sido vereador por um mandato em Vitória, período que fez muitas amizades e participava de ações públicas que prezavam pelo desenvolvimento da cidade. “Era muito diferente de hoje, no geral parece que ultimamente a política foi contaminada com atitudes desonrosas”, comparou. (LN/equipe).
Maio 2013
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