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Homem de palavra e lealdade são as marcas dos mandatos de Zé Luiz Ferrer

jose luiz ferrer

 

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Com três mandatos de vereador em Vitória de Santo Antão (1988-1992 / 1996 – 2000 / 2001 -2004) José Luiz Ferrer de Moraes é um exemplo de parlamentar que enfrentou os desafios, fez por merecer os mandatos que lhe foram outorgados pelo povo e preservou seu caráter ilibado. Homem de palavra fácil e personalidade agradável, Zé Luiz fez da atividade política a missão de servir e atuou com dedicação no Legislativo, assim como sempre fez em suas atividades sociais e profissionais.

 

Nasceu onde hoje é conhecida como Rua Aluisio de Melo Xavier (Centro de Vitória), no dia 04 de junho de 1950. Integrante de uma família tradicional na cidade, fez seus estudos iniciais no antigo Ateneu vitoriense, depois estudou em Recife por quase dois anos e formou-se em Contabilidade. Desde jovem, foi estimulado a acompanhar os negócios da família Ferrer de Moraes que detinha na época uma fábrica de enchimento, contudo, não deixava de às vezes dar suas escapulidas para jogar futebol. Logo cedo, tornou-se comerciante do depósito de bebidas onde cuida exclusivamente das vendas dos produtos PITÚ.

Ex Prefeito José Augusto

Ex Prefeito José Augusto

Desde então, construiu uma sólida amizade com o seu primo, o ex-prefeito José Augusto Ferrer de Moraes, convivendo diretamente com ele de outubro de 1970 até março de 1991, quando aprendeu a construir a boa política. “Zé Augusto sempre primou pela ética e honestidade com a coisa pública. Não aceitava conchavos e perseguições a quem quer que seja”, testemunhou Zé Luiz.

 

Em 1976, casou-se com Maria Lêda onde constituiu uma família com dois filhos e uma filha. Dedicado aos negócios da família, ele cuidava desde as vendas da renomada cachaça vitoriense até os negócios imobiliários e sempre atuou na antiga Rua Estrada Nova, lugar que todos certamente podem encontrá-lo. Logo, passar em Estrada Nova era ter a certeza de presenciar uma boa prosa com Zé Luiz que sempre recebeu a todos com presteza e largo sorriso.

 

Este carisma foi o que influenciou para que os seus amigos o estimulasse a ingressar na vida pública. “Fui um fiel escudeiro de Zé Augusto também na atividade política. De imediato assumi a presidência do PMDB e despertei politicamente”, confessou. Além de sua boa inserção nas camadas populares, ele também se inseria nas classes mais abastadas da sociedade vitoriense quando na oportunidade participava do Lions Club de Vitória. Questionado por qual razão motivou-se a ingressar no mundo político partidário, Zé Luiz relatou em entrevista a equipe do site da Câmara de Vitória que um fato de grande repercussão na cidade o fez tomar a decisão. Ele se referiu ao episódio do comodato aprovado pelo Legislativo de Vitória, quando a Prefeitura sob o comando de Elias Lira (PDS) cedeu o histórico Mercado da Farinha para a rede de supermercados Balaio sem quaisquer benefícios à municipalidade. “Se Zé Luiz tivesse na Câmara pelo menos seria um voto contrário a este absurdo”, afirmou Zé Augusto se referindo ao amigo. “Foi aí que eu despertei que também poderia dar a minha contribuição a cidade”, reverberou o comerciante.

 

“Ingressei na política fazendo questão de caminhar com as minhas próprias pernas. Pedi para que Zé Augusto não interferisse no apoio a minha campanha para vereador, pois não queria contribuir com a ciumeira política no palanque. A única coisa que Zé Augusto fez na minha campanha foi conquistar uma liderança comunitária do Distrito de Pirituba para apoiar a minha campanha política. Na oportunidade comprei um Fusca e falei com um amigo da comunidade do Outeiro para me ajudar”, relatou Zé Luiz Ferrer.

 

Eleito pelo PMDB para o primeiro mandato, Zé Luiz foi o 7º candidato mais votado entre os 13 vereadores eleitos em 1988. “Confesso que gostei muito desta primeira legislatura. Foi um mandato de grandes debates e participação popular, onde tive o prazer de ser vereador constituinte”, salientou Zé Luiz, lembrando-se da promulgação da Lei Orgânica da Vitória de Santo Antão. Neste período, o prefeito de Vitória era Dr. Ivo Queiroz Costa (PTB), com quem a família Ferrer de Moraes detinha um forte desafeto. Integravam a oposição na Câmara Municipal contra Dr. Ivo os vereadores Ozias Valentim (PFL), Iara Gouveia (PSDB) e o próprio Zé Luiz Ferrer (PMDB).

 

Zé Luiz sempre presente nos principais eventos históricos e culturais de Vitória.

Zé Luiz sempre presente nos principais eventos históricos e culturais de Vitória. Foi um grande amigo do saudoso Zito Mariano.

 

Nesta legislatura, os três formularam consulta ao Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) em virtude do aumento salarial concedido aos vereadores, prefeito e vice e aos Secretários ferindo a legislação que normatiza esta questão. O TCE acolheu a consulta posicionando pela ilegalidade do aumento concedido aos salários e determinando que fosse devolvida a diferença aos cofres públicos, devolvendo o que a pagaram a mais no seu salário. Esta majoração foi concedida na gestão do Presidente da Casa, Pedro Queiroz. “Primeiro me certifiquei com o TCE sobre este salário a mais. Só queria receber aquilo que a lei determinava nos pagar. Friso que sempre separei uma parte do meu salário de vereador para ajudar as pessoas mais carentes”, assinalou.

 

Zé Luiz Ferrer registrou a postura oposicionista do antigo MDB durante o período dos anos de chumbo capitaneados pela Ditadura Militar (1964-1985). Neste intervalo histórico, em Vitória, Dr. Ivo Queiroz era o aliado de primeira hora dos Militares. “Como empresário comprometido com as boas causas do País, Zé Augusto era simpático às bandeiras do MDB e nos bastidores ele financiava o partido na região”, contou. Segundo ele, foi a partir das posições políticas tomadas pela família Ferrer de Moraes naquela época que conduziram para um histórico impasse por várias décadas com o médico Ivo Queiroz Costa. “Era impressionante! Dr. Ivo sabotava tudo que a nossa família e o nosso grupo político faziam. Sem contar que o Governo de Moura Cavalcanti (1975 / 1979) perseguia muito a família Ferrer”, lembrou.

 

Já no segundo mandato eleito pelo PSC (1996-2000), segundo ele, foi mais tranquilo, mesmo todos dizendo da dificuldade de eleição, tendo em vista que a disputa para a Casa Diogo de Braga tomou ares de eleição majoritária. “Neste mandato, foi de minha autoria a primeira Lei municipal que regula o tempo máximo nas filas para atendimento nas agências bancárias da Vitória de Santo Antão”, destacou. Zé Luiz apenas lamentou não ter tido a iniciativa enquanto parlamentar de apresentar um Projeto de Lei proibindo a circulação de carros de som na Av. Mariana Amália (Centro).  Opinando sobre o uso do espaço urbano em Vitória, o ex-vereador considera um absurdo transformar as praças públicas em bares. “Praça é um bem público para lazer e entretenimento, além de servir como cartões postais da cidade. É um absurdo gestores que permitem usar estes ambientes para outros fins”, externou.

Aglailson pai & filho contam com o apoio de Zé Luiz.

Aglailson pai & filho contam com o apoio de Zé Luiz.

Um dos episódios mais marcantes enquanto exercia a vereança nesta legislatura foi a eleição para a presidência da Câmara. A Prefeitura de Vitória estava sob o comando de José Aglailson Queiralvares (PSB) que tinha interesse que seu filho, Aglailson Júnior, exercesse a presidência da Casa Diogo de Braga. O vereador Zé Luiz Ferrer acabou se aproximando do PSB por conta desta eleição e até hoje nutre uma boa amizade com o Deputado Aglailson Júnior (eleito para a Alepe dois anos depois de ter assumido a presidência do Legislativo vitoriense).

 

Zé Luiz relata que inicialmente era simpático à ideia do médico Sylvio Gouveia assumir a presidência, contudo, um grupo de parlamentares havia fechado acordo de que Aglailson Júnior seria o nome de consenso. “Nunca havia tido qualquer relação com a família Queiralvares, porém Júnior me conquistou pela sua postura de honrar acordos, coisa incomum no mundo político de hoje. Ele me pediu para apoiá-lo a presidência e eu o apoiei incondicionalmente”, contou.

 

O voto de Zé Luiz foi determinante para a condução de Aglailson Júnior a presidência. Tanto que a oposição ao então prefeito Aglailson se articulou para reverter a correlação de forças na Câmara. O então Deputado Elias Lira (DEM) junto com o seu filho Joaquim Elias, promoveram uma reunião com os demais vereadores na residência do ex-vereador Ozias Valentim. O objetivo da reunião, segundo ele, era para discutir a eleição da presidência da Câmara. “Eu não vim aqui para discutir eleição a presidente, pensei que fosse para discutir o futuro do grupo”, reagiu Zé Luiz se retirando imediatamente do recinto. De pronto, Elias Lira pede que ele fique, pois o grupo poderia fechar a questão da presidência em torno de seu nome. “Elias me pediu para ser o candidato a presidente, mas não quis, já tinha dado a minha palavra a Aglailson Júnior”, assinalou. Dias após a confirmação de Júnior na presidência da Câmara, o então Prefeito José Aglailson desabafou da seguinte forma, segundo relato de Ferrer: “Se não fosse Zé Luiz essa eleição de Júnior iria custar muito dinheiro para a gente”.

 

Outro episódio marcante na vida parlamentar de Zé Luiz foi quando ele foi designado para presidir a Sessão que iria cassar o mandato de Vadinho Gouveia, que havia tomado posse na Câmara sob medida liminar, em virtude do imbróglio criado em torno do número de vagas na Casa. Nem Aglailson Júnior e nem o então vereador Sylvio Gouveia compareceram a esta sessão. Júnior não quis comandar o processo e Sylvio não gostaria de opinar quanto ao destino político de seu irmão. Zé Luiz não titubeou! Cumpriu os trâmites legislativos e no final o plenário da Câmara de Vitória negou a vaga ao Dr. Vadinho Gouveia.

 

lissandro e ze luiz

 

Instigado a opinar sobre a conjuntura política vitoriense, Zé Luiz prova que anda antenado com os acontecimentos políticos em Vitória de Santo Antão. Avalia que hoje as eleições em Vitória estão mais tranquilas. “Antes existia provocações de ordem pessoal e duras ameaças às vidas de quem concorria ao pleito eleitoral”.

 

“Tanto Aglailson quanto Elias Lira estão se despedindo da política, porém ambos contam com força ainda para se enfrentarem em uma próxima eleição”, avaliou Ferrer. Para ele, esta polarização política em Vitória não deixa espaço para um nome novo. Sobre o seu parente, Alexandre Ferrer (presidente do PMDB/ Vitória), Zé Luiz tem uma opinião. “Alexandre seria um bom nome, porém depende dos resultados desta eleição de 2014”, analisa.

 

Sobre seu futuro político, Zé Luiz assegura que pretende contribuir politicamente nos próximos embates eleitorais. “Tenho amigos para apoiar”. Sentenciando sua esperança em algo novo em Vitória, este concluiu: “Não há mudanças políticas significativas. Os palanques não se desarmam para o bem do Município de Vitória e a cidade perde muitas oportunidades e recursos, apesar de estarmos hoje como importante polo econômico-industrial. Infelizmente ainda há muita picuinha na política local”. (L.N./Equipe).

 

 

 

15
Janeiro 2014
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